O Movimento Figueira 100% votou contra o orçamento.
Este movimento não se apresentou às eleições como contra poder. Apresentou-se como alternativa.
Constituído para disputar as eleições, a sua força resultou mais do protagonismo conseguido pelos seus lideres, da sua actuação passada dentro e fora dos partidos políticos, do que de um programa politico.
Partiu com três vantagens em relação ao Partidos existentes: era novidade, não tinha passado (enquanto movimento) e os dois maiores partidos estavam no estado que se conhece.
Depois das eleições estas vantagens desapareceram. Agora são confrontados com dois ( pelo menos) dilemas.
Se começam a viabilizar as propostas da maioria, orçamento incluído, correm o risco de serem colados, servirem de muleta, ao executivo. Apoiando o executivo acabam por reforçar a posição deste. Esta vantagem não será desperdiçada nas próximas eleições. O PS tentará recuperar os votos perdidos para o movimento Figueira 100%.
Por outro lado, se aparecem junto da opinião publica como oposição ao executivo, passarão a ser vistos como um movimento ( partido ) da oposição. Ora, estes lugares já estão preenchidos por partidos políticos. Alguns deles, PSD e CDU, com raízes no concelho. Nas próximas eleições o PSD não deixará de tentar recuperar os votos que perdeu para este movimento. Passada a novidade é muito provável que aqueles que votavam PSD o voltem a fazer. É aquilo que lhes é mais natural. Já não se trata de derrotar uma linha política de que não gostavam, que estava no poder, logo era mais fácil escrutinar a sua actuação e reais intenções, mas sim de derrotar o PS.
Se é para fazer oposição valerá a pena votar neste movimento?
Poderão dizer que a qualidade dos seus argumentos, enquanto oposição, supera a dos restantes partidos. Poderão mas não cola.
Minguem acredita que se fosse o movimento figueira 100% a fazer este orçamento ele seria muito diferente. E não seria muito diferente por uma razão simples. Tão simples que ninguém quer ver. O orçamento não é mais que um documento, importante, mas um mero documento, que deve expressar algo muito mais importante. Um projecto, programa politico, no fundo uma linha de desenvolvimento.
Nada disto foi apresentado às eleições ( por todos os partidos). Apresentaram medidas avulsas assentes não num projecto mas numa profissão de fé. Acreditem em nós que…… Acrescente-se que as eleições foram realizadas no final do ano o que, naturalmente, limita o conhecimento da realidade existente.
Decreto então o fim do movimento? (presunção minha) Para já não. Tudo vai depender da sua orientação.
Não podem ser vistos como um movimento próximo do poder e paradoxalmente também não podem ser vistos como um movimento próximo da oposição.
A sua sobrevivência ( efectiva) depende da capacidade de criar um verdadeiro projecto, mais ou menos abrangente, para o concelho. Não é conseguir que seja aprovada a sua proposta X ou Y ou votar a favor ou contra um orçamento. É criar um projecto diferente do que existe. É ter a capacidade de criar eleitores próprios sem necessidade de contar com as dissidências de outros partidos.
Não entendo por isso o voto contra o orçamento. A abstenção teria permitido a este movimento começar, na política real, do zero.
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