2010/02/14

PS Figueira

Ao que parece, Paredes e João Portugal vão ser candidatos nas eleições internas do PS. Nestas coisas não é de admirar uma terceira candidatura se tivermos em conta que os dois vêm do mesmo sítio.

O que é mais extraordinário é que muitos militantes socialistas já começam a falar, e em relação a este cenário, numa mudança.

Paredes caiu em desgraça nas últimas eleições. Agora, o sr. Paredes não esteve sozinho. E quem foi que esteve ao seu lado ao longo destes anos e não se distanciou claramente depois das eleições? Pois. Nestas lógicas internas PS e PSD são siameses.

Pode haver uma outra razão. O PS gosta do Paredes mas acha que este está velho. Querem um “Paredes” mas mais novo. Será isso? Vá, mudem lá alguma coisa para que tudo fique na mesma.

PSD Figueira

A manifesta falta de tempo não tem permitido “postar”. Contudo não me sinto “encornado” pela falta de tempo já que esta era previsível.

Defendi que o PSD não deveria iniciar a discussão sobre o resultado eleitoral logo após o fim do mesmo. Não iriam discutir nada apenas fazer “ajustes de contas”.
Sempre pensei que o mês de Janeiro seria o ideal para fazer este exercício.

Passou o mês de Janeiro e nada. Ou melhor, apenas umas declarações do Sr. Presidente da Concelhia a dizer que já tinha pedido uma reunião e que esta ainda não tinha sido marcada. Fez mal em dizer isto. Se queria uma reunião e ela ainda não tinha sido marcada tinha mais é que fazer “Barulho” e exigi-la. Isto é revelador.

O PSD foi o principal responsável pela derrota eleitoral. Duarte Silva teve, como sempre tem de ser, a sua parte da responsabilidade.

O PSD durante 4 anos esteve envolvido em lutas internas. Estas lutas prejudicaram não só o partido como a actividade da câmara. Só os mais ingénuos ou distraídos é que não previam isso.

Antes das últimas eleições ganhas pelo PSD disse a alguns militantes que a minha preocupação não era se iríamos ganhar ou não. Era previsível a vitoria. O meu problema era que o PSD estava no poder à muito tempo e que era da sua natureza começar a “comer-se por dentro”. Quando o projecto assenta basicamente no exercício do poder as lealdades são também nesta lógica. Se não existe um projecto político as fidelidades são feitas por interesses. Bons ou maus.

Esta realidade concretizou-se antes e depois da vitória de Lidio Lopes. Lidio Lopes deveria ter percebido que o partido que começou a liderar estava muito dividido. Optou pela fuga para a frente. Podemos culpar Lidio Lopes por tudo o que se passou antes e depois da sua eleição. Não. Agora, não podemos apagar ou minimizar o que se passou no seu mandato.

Quando Lidio Lopes ganha a Concelhia tinha apenas duas alternativas viáveis para seguir. Optou por uma terceira que era um beco sem saída.

Podia ter chegado a uma solução de compromisso com os adversários. Não era fácil mas com muito trabalho e cedências de parte a parte podia ter conseguido. No caso de tal não ser possível restava-lhe apresentar um projecto que ocupasse o espaço de divergência interna. Para esta tarefa não bastava a sua boa vontade e capacidade, precisava de uma equipa.

Se Lidio Lopes pode culpar os seus opositores por não ter sido possível chegar a primeira alternativa já não o pode fazer nem quanto a segunda nem quanto a terceira. Estas dependiam dele e da sua equipa. Será que Lidio Lopes só percebeu esta realidade quando foi derrotado na votação interna e perdeu para Miguel Almeida. Se foi assim é ainda mais grave.

A criação de um concelho consultivo ( não tenho a certeza de que era assim que se chamava) não passou de uma lista de muitos nomes. Toda a gente sabe que estas iniciativas, e principalmente num concelho, só funcionam com pouca gente. Os documentos ou estudos finais podem ter a participação de muita gente e de variadas tendências mas, o estudo e o trabalho tem de ser de poucos. Para desenvolver este trabalho é preciso que os grupos criem uma dinâmica própria. Depois é que o resultado desse trabalho pode ser apresentado a um leque de pessoas mais abrangente e discutido. Nada disso se passou. Pior, ao ver a lista nós podemos chegar ainda com mais facilidade as conclusões que defendemos. Basta ver a lista e ver o que aconteceu nas eleições. Quantos dos que lá figuravam defenderam o projecto do PSD para a câmara? O eng. Daniel dos Santos até criou um movimento próprio e muitos apoiaram o PS. Para quem está de fora o que é que isso quer dizer??? Quase podíamos afirmar que o PSD forneceu, em listas próprias e alheias, a maior parte dos candidatos e em consequência dos votos.

No final das eleições o PSD podia e devia ter tido muita calma e ponderação na análise disciplinar dos seus militantes. Se existiram militantes que prejudicaram o partido também existem atenuantes. Tudo devia ter sido ponderado. E foi. Ao que parece não.

Não ligando agora ao que dizem os estatutos – não porque não sejam importantes mas apenas porque se os mesmos tem sanções também tem atenuantes - o que é mais grave em termos de imagem e de mobilização do eleitorado: Um militante que cria uma lista independente na sua freguesia e concorre a eleições contra todos os partidos incluindo o seu ou um militante que, apesar de não fazer parte da lista adversária à câmara, apoia claramente o principal adversário aparecendo feliz e contente em manifestações publicas de apoio a esse candidato?

O PSD não tem um problema de liderança para resolver. Tem um grave problema de projecto político. Nas próximas eleições internas o que estará em causa é a capacidade de apresentar esse projecto político no final deste ano. Não estou a falar em provocar eleições. O PS tem toda a legitimidade para governar e o PSD deve contribuir para a boa governação da câmara. O que está em causa é apresentar um projecto alternativo que possa ser conhecido e discutido. O PSD precisa de ir explicando o que faria de diferente e como o faria. Precisa de explicar como seria alternativa e não alternância ao poder actual. Pode apostar no desgaste da maioria. Pode. Esta solução até pode dar uma vitória nas eleições mas é o pior para o PSD e para o Concelho.

Acresce ainda a tudo isto uma outra realidade que o micro clima político da Figueira não permite pensar. Em muitas das actuais juntas de freguesia do PSD os seus autarcas estão em fim de mandato. Um atraso na definição de um projecto político leva a que não se consiga arranjar apoios e massa crítica para continuar os projectos. Nem que seja por alternância de poder, muitas dessas juntas podem cair para o lado do PS. Não ocupar rapidamente estes espaços políticos e reforçar os que foram perdidos leva a que, em caso de dúvida, nas próximas eleições o partido do poder consiga recrutar apoios com maior facilidade. Em vez de esperar pela derrota do PS o PSD pode estar a contribuir para o reforço da sua maioria.

Está na altura do PSD crescer. Tem de acabar com as vitoriazinhas de massajar o ego, ora agora ganhas tu e a seguir ganho eu, e começar a fazer politica no verdadeiro sentido e nobre da palavra.

Nota final.
O principal responsável por tudo isto é Lidio Lopes? Acabará por ser porque era o Líder. Agora os militantes que fazem parte dos órgãos do partido não podem sacudir a água do capote. Se o líder deve assumir as suas responsabilidades os membros dos órgãos não podem ficar isentos das mesmas. Não podemos continuar a tolerar que muitas pessoas estejam sempre em todo lado e nunca sejam responsabilizadas por nada.

Não é admissível que as candidaturas contra e a favor sejam sempre protagonizadas pelos mesmos. Não é admissível que se aceite que estes dirigentes tenham sempre opinião e achem que tem a solução apenas no confronto eleitoral.

Aceitar isto é desresponsabilizar os dirigentes e criar uma máquina de destruição de lideranças, ou pior, de uma máquina que cria lideranças para os dirigentes habituais.
Não se trata de atirar para fora do partido estes dirigentes ou militantes. É apenas assumirem as suas responsabilidades.

Um exemplo claro: Lidio Lopes explicou à concelhia que queria ser candidato a deputado e estes disseram que não. Lidio Lopes optou por levar o seu nome e saiu derrotado. No final das eleições autárquicas não restava outra alternativa que não fosse retirar a confiança politica a esses militantes ou demitir-se,
Lidio Lopes explicou à concelhia que queria ser candidato a deputado e estes não disseram nada ou apoiaram. Lidio Lopes optou por levar o seu nome e saiu derrotado. No final das eleições autárquicas não restava outra alternativa que não fosse retirar a confiança política a esses militantes.
Ninguém fica bem na fotografia nem o candidato escolhido, Miguel Almeida.
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