2011/10/14

Fim de sabática


Confesso que não tinha grande vontade de voltar a escrever aqui.

A realidade é persistentemente imutável. Aborrece repetir sempre a mesma coisa, dar porrada sempre nos mesmos assuntos.

Vivemos realidades paralelas. Uns falam de alhos outros de bugalhos.

A política figueirense – e nacional – é sempre mais do mesmo.

Contudo, os últimos dias foram particularmente irritantes. Não é tanto pela pobreza das ideias mas, pela desfaçatez com que se actua.

A Comissão Liquidatária.


O executivo municipal – este e muitos outros – actua como se as freguesias fossem umas coisas desagradáveis que só servem para dar trabalho e pedir dinheiro. ( quem esta no governo muitas vezes pensa o mesmo das Câmaras ).

É este espírito de praxe – estúpido – que faz parte da mentalidade dos eleitos locais.

Os meninos grandes ( governos ) são maus. Então damos tratamento igual aos “nossos” pequenitos( Juntas de Freguesia ).

A cerca de 10 anos que se discute, lá mais para norte do concelho, a possibilidade de agregar serviços entre juntas de freguesia, partilhar equipamentos, valências de diversa ordem e, obviamente, conseguir algum desafogo de gestão e financeiro.

Os executivos municipais nunca tiveram a capacidade de seguir este caminho.
Por vezes não é má vontade. Agora, se não têm a capacidade de arrumar a própria casa, câmara, são incapazes de contribuir para a arrumação da casa dos outros.

Quando à vinte anos se criou o PDM já se sabia quais seriam as consequências para as freguesias.

Não se pode impedir as pessoas de residir nas suas terras e lá criarem a sua família e depois dizerem que não temos crianças para frequentar as escolas.
Não se pode ter esta atitude e depois dizer que as freguesias não se desenvolvem porque não têm gente;

Não se podem queixar da sobrelotação de alguns infantários e falta de vagas noutros;

Não se podem queixar do aumento dos custos e da dificuldade em criar filhos quando se está longe do apoio familiar que durante anos e anos foi um meio de auxílio das famílias;

Não se podem queixar da falta de apoios aos idosos quando a família, 20 anos antes, foi impedida de residir nesses locais;

Não se podem queixar dos custos do auxilio aos idosos quando a sua rede familiar esta longe.

Para ver isto não é preciso ser inteligente. Basta ter carácter. É o carácter que nos ajuda a dizer sim e não. Que nos diz de onde viemos e para onde queremos ir.
Isto tudo vem a propósito da venda de escolas, encerramento de postos médicos e extinção de freguesias.

Afinal o que está aqui em causa?

Pura e simplesmente incompetência.

Tudo isto pode ser feito com tempo. Criar um plano que permita as Juntas de freguesia reorganizarem-se, estabelecerem uma estratégia de desenvolvimento e, a pouco e pouco, tornarem-se auto suficientes, ainda que, com algumas dificuldades.
Mas nada. Toca de vender?

Alguém perguntou à Junta de Freguesia de Ferreira a Nova se tinha algum projecto para a sua escola?

Alguém comunicou a realidade do posto médico?

Alguém, alguma vez, convidou a junta de freguesia para um debate sobre a reorganização administrativa e de competências ente freguesias?

Nada.

A escola é de quem? Formalmente pode ser do município mas é obviamente um equipamento da junta e devia ser respeitado enquanto tal.

Será que a venda dá para pagar o projecto da patética ciclovia ou do coreto?

Este executivo fez uma ( chamada ) reestruturação de divida ( traduzindo,
endividaram-se para pagar aos credores), vende património que não
é seu, embora formalmente possa estar em seu nome, e continua sem fazer a única
coisa que nos podia conduzir a algum desenvolvimento que era uma reorganização
administrativa da câmara e uma reafectação de recursos e de competências com as
Juntas de freguesia.

Sem isto e sem dinheiro não precisam de fazer nada. Elas morrem sozinhas.
Em resumo, cada vez mais temos um comissão liquidatária na câmara municipal
PS: a diferença é que não vamos de carrinho. Tal vez de triciclo na nova ciclovia.

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