2010/04/21

Acção reacção

Esta é a forma de fazer política na Figueira e um pouco por todo o Portugal.

Quem está no poder age, quem está na oposição reage.

Esta mentalidade só é superada, com largas doses de abstracção e demagogia, em campanha eleitoral.

Nessas alturas todos têm as soluções.

O Sr. Vereador António Tavares em declarações ao Diario as Beiras de ontem demonstrou esta forma de fazer politica.

Reagiu, enquanto vereador da oposição, às propostas do PSD, aceitou e defendeu o programa eleitoral do PS e agora enquanto vereador do partido que ganhou chama solenemente à atenção para “De resto, o vereador António Tavares alerta para a “grande gravidade financeira que atinge as autarquias do concelho, incluindo a câmara”. O autarca acrescenta que “as pessoas ainda não tomaram consciência da verdadeira dimensão do problema, que é muito grave”.”

Mas quais pessoas? Ninguém tinha ilusões. Não foi ele co autor de um livro sobre o estado da gestão da Câmara?

Agora que é chamado a agir comporta-se como um corredor que fez grande parte da corrida atrás do adversário, de cabeça baixa para se proteger do vento e que, quando chega à liderança da corrida fica perdido com o trajecto e surpreendido com o local em que se encontra.

Afirmações como:
Tavares sublinha ainda que “algumas juntas vivem acima das suas possibilidades”.

Com excepção de alguns casos de más opções, a generalidade das juntas sempre viveu acima das suas possibilidades.

Viveram e vivem por duas razões simples: a primeira é que a única verba garantida para as juntas, ( via AO - fundo das freguesias) é ridícula. A generalidade das juntas de freguesia tem cerca de 30.000,00 euros anuais para pagarem todas as suas despesas, salários incluídos.

A segunda é que as restantes verbas dependem, na generalidade da câmara. Muitas destas juntas assumiram compromissos, contratualizados com a câmara, que hoje não tem dinheiro para os honrar.

Na prática não foram as freguesias que viveram acima das suas possibilidades, pela simples razão de que não podem, mas a câmara que não tem capacidade para honrar os seus compromissos.

Mas a cereja é:
“Por seu turno, a “grande vulnerabilidade financeira da câmara” obriga-a a dar prioridade à solução do seu próprio problema, “cortando na medida do possível”.

O Sr. Vereador não percebe que para que a câmara possa resolver os seus problemas financeiros sem agravar as dificuldades do concelho precisa das Juntas de Freguesia.

Precisa de promover uma reorganização administrativa e de competências e uma reafectação dos recursos que tem de ser feita pelas juntas de freguesia. Em parceria ou através de associações de freguesias.

A câmara precisa de se libertar de funções que podem ser melhor desempenhadas pelas freguesias, com menores custos para o cidadão e com maior eficiência e ganhos para a própria câmara.

Com estas afirmações do Sr, Vereador ficamos a pensar em receitas antigas. Adopção de medidas lesivas das freguesias, a promoção do imobiliário – e eles não andam por aí, já estão lá. -, cortes cegos e não obstante os cortes mantém a duplicação de serviços.

Os problemas da câmara tem solução mas não é com esta mentalidade.

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