2009/11/17

Entrevista do Presidente da ACIFF ao Diário as Beiras da passada Sexta Feira

Esta entrevista suscitou-me algumas preocupações. Não o digo de forma crítica. A dimensão da entrevista porventura não permitiu outras respostas ou, respostas mais completas.

Mais uma vez, quando se fala de desenvolvimento económico da Figueira é mesmo disso que se trata, da Figueira. Raramente se equaciona, quando se fala de desenvolvimento económico, o concelho da Figueira. A Figueira é o microcosmo. Em regra quando se fala do desenvolvimento do concelho da Figueira é para justificar alguma coisa que se terá de fazer, ou deixar fazer na, obviamente, Figueira.

A incapacidade, por um lado e, os interesses instalados por outro, não permitem que se veja todo concelho como fonte e potencial de desenvolvimento complementar e concorrencial com concelhos vizinhos. Na parte que me toca concelhos como Montemor e Cantanhede.

Outro ponto que me suscitou preocupação é continuar-se a discutir a reabilitação da baixa da Figueira, rua da Republica e Bairro Novo, sem primeiro definir claramente o que será possível fazer, construir, em toda a zona envolvente à cidade da Figueira.

Sem esta definição, e sem mas nem tibiezas, qualquer requalificação terá como destino o fracasso. Se porventura obtiver algum sucesso, que acredito será difícil ou muito limitado, os custos da mesma nunca justificariam os ganhos.

Mais do que analisar modelos de requalificação já postos em prática devemos olhar para os factores de insucesso da maioria desses modelos.

Será que podemos falar de comércio de proximidade, comércio tradicional quando se continua a permitir a construção de grandes superfícies comerciais. Principalmente numa cidade como a Figueira em que qualquer ponto da cidade é praticamente o centro da mesma.

Podemos competir com estacionamentos gratuitos e dentro das próprias superfícies comerciais resguardados da intempéries e com todas as comodidades de transporte de compras e diversidade de lojas quando em contraponto temos parquímetros, transportar as compras à mão e sujeitos aos caprichos do tempo.

Será que não deveríamos estar hoje a falar de comércio alternativo, serviços ao invés de comércio tradicional ou de proximidade.

Podemos falar em povoamento da cidade quando se continua a permitir a construção desenfreada nas áreas limítrofes da mesma.(com lobbies fortíssimos nessa área como é dito na entrevista.)

Volto a repetir o que já digo à muito tempo: qualquer esforço de requalificação da Figueira implica um plano global de desenvolvimento da mesma. Este plano deve obrigar os agentes económicos a direccionarem a sua actividade para este propósito. Se não houver um plano neste sentido todo o projecto fracassa. Enquanto os promotores imobiliários e construtores tiverem a hipótese de requalificar ou construir vão optar sempre por esta última. A construção é mais fácil, barata, vende melhor e mais rápido, e permite margens de lucro muito superiores. Isto não se muda com conversa nem com boas intenções. Têm de ser imposto.

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